A Braspell anunciou um plano ambicioso que promete transformar Minas Gerais em um dos principais polos de bioenergia do Brasil nas próximas décadas. Com investimentos previstos de 10 bilhões de reais, a empresa projeta implantar ao menos seis empreendimentos no estado ao longo de dez anos, com foco na produção de biomassa carbonizada para abastecer a indústria siderúrgica e pallets de madeira voltados à exportação. A expansão da Braspell em Minas Gerais será acompanhada por uma reestruturação logística e ambiental que pode gerar impactos profundos na economia regional.
O projeto da Braspell em Minas Gerais inclui a instalação de unidades industriais em cidades estratégicas como Conselheiro Lafaiete, Itabirito, Bom Jesus do Amparo, Andrelândia e Lavras, além da planta pioneira em Juiz de Fora, prevista para iniciar a produção em 2027. A proximidade dessas localidades com a ferrovia operada pela MRS Logística foi um fator determinante para a escolha dos municípios, pois facilita o escoamento da produção até o Porto de Itaguaí no Rio de Janeiro, principal destino da carga.
A bioenergia será o foco principal da operação da Braspell em Minas Gerais, com destaque para a biomassa carbonizada, que representa uma alternativa sustentável ao carvão mineral. O uso da biomassa na indústria siderúrgica é uma das principais apostas da empresa, que enxerga nesse segmento uma oportunidade estratégica diante da transição energética global. Além disso, o investimento da Braspell em Minas Gerais também prevê a exportação de pallets de madeira, reforçando a vocação exportadora do estado e gerando receitas importantes para os cofres públicos.
O plano da Braspell em Minas Gerais também contempla um forte componente de inovação tecnológica e sustentabilidade. Entre os projetos em estudo está o desenvolvimento de etanol de segunda geração, o chamado etanol 2G, produzido a partir dos açúcares presentes na celulose da madeira. A empresa já está em fase de pesquisa e benchmarking internacional, avaliando plantas industriais na Europa com o objetivo de replicar as melhores práticas no Brasil. Caso seja implementado, o projeto pode posicionar Minas Gerais na vanguarda mundial da produção de biocombustíveis limpos.
A unidade de Juiz de Fora, primeira planta da Braspell em Minas Gerais, receberá um investimento inicial de 300 milhões de reais e deverá gerar até 1.750 empregos diretos, sendo 1.500 no setor agrícola e 250 na indústria. Instalada em uma área de 60 hectares no Distrito Industrial da cidade, a planta se beneficiará da infraestrutura existente e da proximidade com outras grandes empresas, como a ArcelorMittal. O projeto é considerado uma alavanca para o desenvolvimento regional e para a diversificação da matriz energética do estado.
Os investimentos da Braspell em Minas Gerais não se limitam à instalação de fábricas, mas incluem também o aumento da base florestal da empresa, essencial para a produção de biomassa em larga escala. Atualmente, a empresa dispõe de 6 mil hectares de florestas na região de Juiz de Fora, mas pretende expandir esse número para até 60 mil hectares nos próximos dez anos, com cultivos de eucalipto e futuramente de acácia mangium. Essa expansão florestal será fundamental para garantir a sustentabilidade das operações e o fornecimento contínuo de matéria-prima.
No médio e longo prazo, o sucesso dos investimentos da Braspell em Minas Gerais dependerá também da capacidade do poder público em modernizar a malha ferroviária que liga o Triângulo Mineiro ao litoral fluminense. A melhoria dos trechos férreos é considerada estratégica para o escoamento eficiente da produção e pode ampliar o raio de atuação da empresa para novas regiões, como Andrelândia e Lavras. A parceria entre iniciativa privada e setor público será, portanto, um fator decisivo para consolidar o plano de expansão da bioenergia no estado.
O investimento da Braspell em Minas Gerais representa um marco no desenvolvimento sustentável da economia estadual. Ao apostar na bioenergia e em tecnologias limpas, a empresa sinaliza uma nova era para o setor industrial mineiro, baseada em inovação, responsabilidade ambiental e geração de empregos. A expectativa é que, além de impulsionar o crescimento econômico, o projeto contribua para a redução da emissão de gases de efeito estufa e para a construção de um modelo energético mais equilibrado e resiliente para o futuro.
Autor: Aksel D. Costa