Doenças evitáveis que ainda matam: desafios epidemiológicos no Brasil

Aksel D. Costa
By Aksel D. Costa Notícias
5 Min Read
Paulo Henrique Silva Maia alerta para os desafios das doenças evitáveis no Brasil.

Mesmo com os avanços da ciência e da medicina preventiva, Paulo Henrique Silva Maia, Doutor em Saúde Coletiva pela UFMG explica que o Brasil ainda convive com altos índices de mortalidade causados por doenças evitáveis, e esse cenário reflete desigualdades históricas no acesso à saúde, falhas nas estratégias de prevenção e resistência à vacinação em algumas regiões.

A combinação de baixa cobertura vacinal, desinformação e fragilidade das políticas públicas de base comunitária favorece o ressurgimento de doenças que poderiam estar erradicadas. Além disso, os determinantes sociais da saúde como saneamento, renda, moradia e educação, continuam sendo ignorados na formulação de muitas ações.

Doenças evitáveis: um problema que persiste

As doenças imunopreveníveis, como sarampo, difteria, coqueluche e hepatite B, voltaram a preocupar autoridades sanitárias. Embora existam vacinas eficazes e disponíveis gratuitamente no Sistema Único de Saúde (SUS), a redução nas taxas de imunização ameaça retrocessos importantes. Esse fenômeno é agravado por movimentos antivacina, desinformação e barreiras logísticas em regiões remotas.

Segundo Paulo Henrique Silva Maia, a prevenção deve ser tratada como prioridade absoluta. Campanhas informativas, acesso facilitado aos serviços de saúde e estratégias de educação em saúde são essenciais para romper o ciclo de negligência. As doenças evitáveis, quando não controladas, geram impacto direto nos sistemas hospitalares e nas finanças públicas.

Determinantes sociais e iniquidades regionais

No Brasil, as doenças evitáveis não afetam todas as regiões e populações da mesma forma. Áreas periféricas, comunidades rurais e populações indígenas estão mais vulneráveis devido à dificuldade de acesso aos serviços básicos. A desigualdade no investimento público e a precariedade da infraestrutura local agravam esse cenário.

Conforme analisa Paulo Henrique Silva Maia, a desigualdade social é um dos principais fatores que perpetuam a ocorrência dessas doenças. Sem políticas integradas que levem em consideração a realidade local, ações de combate tornam-se ineficientes. A presença de agentes comunitários, por exemplo, faz toda a diferença na cobertura vacinal e na vigilância ativa.

Ainda morrem por doenças preveníveis? Paulo Henrique Silva Maia chama atenção.
Ainda morrem por doenças preveníveis? Paulo Henrique Silva Maia chama atenção.

A importância da vigilância epidemiológica contínua

A vigilância epidemiológica desempenha um papel estratégico no controle das doenças evitáveis. Monitorar surtos, identificar padrões e responder rapidamente a casos suspeitos são tarefas que exigem equipes bem preparadas e integração entre os diferentes níveis de gestão do SUS. No entanto, em muitas localidades, há escassez de recursos humanos e tecnológicos.

De acordo com Paulo Henrique Silva Maia, investir em tecnologia da informação e qualificação de profissionais pode tornar a vigilância mais ágil e precisa. Além disso, o uso de dados para tomada de decisões é fundamental para evitar a subnotificação e melhorar a resposta a emergências sanitárias.

Educação em saúde e combate à desinformação

A desinformação tem sido um dos principais inimigos da saúde pública. A proliferação de notícias falsas, principalmente nas redes sociais, afeta a confiança da população em vacinas e tratamentos preventivos. Esse cenário exige campanhas educativas contínuas, com linguagem acessível e baseadas em evidências científicas.

Segundo Paulo Henrique Silva Maia, a promoção da saúde deve ir além dos postos de vacinação e envolver escolas, igrejas, associações de bairro e demais espaços de convivência social. Quanto maior a capilaridade da informação qualificada, menor o espaço para o medo e a desconfiança. Educar é, também, prevenir mortes evitáveis.

Estratégias para reverter o quadro atual

Superar os desafios epidemiológicos no Brasil exige um conjunto de estratégias articuladas. Fortalecer a atenção primária, ampliar o financiamento do SUS, investir na capacitação das equipes de saúde e garantir a distribuição equitativa de insumos são medidas urgentes e estruturantes. Conforme ressalta Paulo Henrique Silva Maia, a prevenção de doenças evitáveis deve ser uma prática cotidiana e eficaz.

Enfrentar os desafios epidemiológicos é salvar vidas

As doenças evitáveis continuam matando em pleno século XXI por falhas nas políticas públicas, desinformação e desigualdade. O combate a esse cenário exige responsabilidade compartilhada, articulação intersetorial e compromisso com o bem-estar coletivo. A saúde pública deve ser compreendida como um pilar do desenvolvimento nacional.

Para Paulo Henrique Silva Maia, enfrentar os desafios epidemiológicos é, antes de tudo, um ato de justiça social. Cuidar da prevenção é proteger as futuras gerações e assegurar que nenhuma morte evitável seja ignorada. O Brasil precisa de ações firmes, informadas e comprometidas com a vida.

Autor: Aksel D. Costa

Leave a comment

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *